O uso da IA generativa para o desenvolvimento de softwares: uma análise à luz da legislação europeia

O uso da IA generativa para o desenvolvimento de softwares: uma análise à luz da legislação europeia

Publicado em:
03
/
07
/
2024

A inteligência artificial (IA) tornou-se uma poderosa e disruptiva ferramenta em diversos setores da sociedade, incluindo o de desenvolvimento de softwares. A IA Generativa é uma espécie de inteligência artificial que possui o potencial de revolucionar a maneira como os softwares são criados, pois consegue automatizar tarefas complexas, otimizar processos e gerar soluções inovadoras. 

Tendo em vista se tratar de uma nova tecnologia, existe uma preocupação em adequá-la à legislação relacionada ao assunto e a princípios éticos e de segurança.

Este artigo tem como objetivo analisar a utilização da IA Generativa para o desenvolvimento de softwares sob a ótica da legislação europeia. Serão abordados os principais conceitos sobre o assunto, as aplicações da IA Generativa nesse contexto e os desafios e oportunidades que a legislação europeia apresenta para o desenvolvimento e a implementação dessa tecnologia.

Conceitos Básicos

IA Generativa

A IA Generativa é uma espécie promissora de inteligência artificial dotada de um poder transformador para o modo como conteúdos são criados e reproduzidos. Ela se caracteriza pela capacidade de gerar conteúdos novos, como textos, imagens, músicas e códigos, ultrapassando os limites antes conhecidos da mera imitação utilizada pela inteligência artificial tradicional, que apenas compila e analisa informações.

Ao invés de simplesmente processar dados, a IA Generativa aprende com grandes volumes de informações, padrões e relações complexas. Por meio de técnicas de aprendizado de máquinas, principalmente redes neurais artificiais, os sistemas aprendem por meio de conjuntos de dados abrangentes, internalizando padrões e regras por ela identificados e são capazes de criar algo novo. Significa que, ao invés de seguir instruções pré estabelecidas, a IA Generativa explora a base de dados de forma autônoma, buscando identificar correlações, sequências e padrões.

Exemplos de conteúdos novos criados pela IA Generativa são:

  • Interfaces Intuitivas e Personalizadas: A IA Generativa pode projetar para cada usuário uma interface específica que antecipa suas necessidades e otimiza sua experiência.
  • Geração Automática de Códigos Complexos: Isso pode ser realizado a partir de simples descrições em linguagem natural, acelerando o desenvolvimento de softwares.
  • Criação de Algoritmos Inovadores: Podem ser usados para solucionar problemas antes mesmo do seu surgimento, otimizando o desempenho de sistemas.
  • Composição de Músicas: A IA Generativa é capaz de criar melodias, harmonias e ritmos inovadores. 
  • Obras de Arte: A IA Generativa é capaz de gerar imagens novas, desde paisagens abstratas até retratos personalizados, combinando elementos de diferentes imagens existentes. Ela também pode modificar imagens já existentes, como alteração de cores, texturas, adição de elementos ou remoção de objetos.
  • Textos criativos: A IA Generativa é capaz de escrever poemas, roteiros e artigos de diferentes estilos e perspectivas.

Empresas como a Google e a Amazon já utilizam a IA Generativa para desenvolver novos produtos e serviços, desde chatbots inteligentes até ferramentas de tradução personalizadas. Startups inovadoras estão surgindo com soluções baseadas em IA Generativa para automatizar tarefas repetitivas, agilizar processos e criar novas experiências para os usuários.

No entanto, é importante ressaltar que a originalidade da IA Generativa ainda está em debate. Existe uma corrente de especialistas que afirmam que a IA Generativa ainda não é capaz de criar algo totalmente novo, apenas recombinar elementos já existentes de forma inovadora. Outra corrente acredita que a IA está evoluindo rapidamente e que já alcança um nível de originalidade comparável à humana, uma vez que os seres humanos também usam seu conhecimento prévio de elementos já existentes para criar novos conteúdos.

Independentemente da perspectiva, a IA Generativa está causando um impacto significativo na maneira como criamos e consumimos conteúdo. É uma ferramenta poderosa que pode ser utilizada para ampliar nossa criatividade, explorar novas ideias e desenvolver soluções inovadoras. A chave para o sucesso, como vamos abordar mais à frente, é a sua utilização responsável, sempre obedecendo a princípios éticos, de transparência e segurança.

Aprendizado de Máquina

O aprendizado de máquina é uma espécie de inteligência artificial que concede aos sistemas computacionais a capacidade de aprender e aprimorar suas habilidades sem terem sido previamente programados. Esse aprendizado ocorre por meio da análise de dados, sem necessidade de instruções pré definidas. 

Nesta análise, os sistemas identificam padrões, regras e têm insights, aprimorando seu desempenho em tarefas específicas de forma autônoma. Essa ferramenta é capaz de impulsionar o progresso em diversos setores, inclusive no desenvolvimento de softwares.

Redes Neurais Artificiais

As redes neurais artificiais (RNAs) são um dos pilares fundamentais da inteligência artificial e se inspiram na estrutura e no funcionamento do cérebro humano para solucionar problemas complexos e aprender com dados de forma autônoma. São sistemas computacionais compostos por unidades interconectadas chamadas neurônios artificiais, que processam e transmitem informações de forma similar aos neurônios do cérebro humano.

Por meio de um processo interativo de aprendizagem, essas redes ajustam seus pesos e conexões, tornando-se cada vez mais hábeis em realizar tarefas específicas.

Aplicação da IA Generativa no Desenvolvimento de Softwares

Automação de Tarefas Repetitivas

No mundo dinâmico do desenvolvimento de softwares, a busca por eficiência e produtividade é constante. É nesse contexto que a automação de tarefas repetitivas se destaca como uma poderosa ferramenta, liberando tempo para atividades mais estratégicas e criativas e impulsionando a inovação e o sucesso dos projetos.

A automação de tarefas repetitivas no desenvolvimento de softwares consiste na utilização de ferramentas e scripts para automatizar tarefas manuais e padronizadas que consomem tempo e esforços desnecessários dos desenvolvedores, como geração de códigos, gerenciamento de versões, implementação de testes e desdobramento de aplicações.

A implementação da automação de tarefas repetitivas no desenvolvimento de softwares traz benefícios como o aumento da produtividade, a melhoria na qualidade de códigos, a aceleração do tempo de desenvolvimento, maior padronização e consistência e a redução de custos.

Criação de Interfaces Intuitivas

No universo do desenvolvimento de softwares, a criação de interfaces intuitivas se destaca como um elemento importante para o sucesso das aplicações. Uma interface bem projetada, que se antecipa às necessidades do usuário e o guia de forma natural, é capaz de transformar a sua experiência, tornando-a mais agradável, eficiente e produtiva.

As interfaces intuitivas no desenvolvimento de softwares se caracterizam pela facilidade de uso e compreensão, permitindo que os usuários interajam com a aplicação de forma natural e intuitiva, sem a necessidade de um aprendizado extenso ou de manuais complexos. 

Investir na criação de interfaces intuitivas no desenvolvimento de softwares gera diversos benefícios, como melhoria da experiência do usuário, aumento da produtividade, redução de custos de suporte, melhoria da imagem da marca e aumento da fidelização de clientes.

Otimização de Desempenho

No contexto da IA Generativa para o desenvolvimento de softwares, a otimização de desempenho se configura como um aspecto importante para garantir a viabilidade e a escalabilidade das soluções criadas. Por meio de técnicas e estratégias adequadas, é possível aprimorar a eficiência dos softwares, tornando-os mais rápidos, precisos e robustos, o que impulsiona a produtividade e qualidade da aplicação final.

Geração de Soluções Inovadoras

A IA Generativa pode gerar soluções inovadoras. Por meio de sua capacidade de aprender com dados, identificar padrões e criar novas informações, a IA Generativa permite aos desenvolvedores ultrapassarem os limites da programação tradicional, direcionando novos caminhos e alcançando resultados que antes poderiam ser inimagináveis.

No contexto de desenvolvimento de softwares, isso pode significar desenvolvimento de chatbots e assistentes virtuais, criação de conteúdo personalizado, desenvolvimento de ferramentas de design, geração de códigos e documentação e desenvolvimento de jogos e simulações.

A Legislação Europeia e seus Impactos

A Lei da IA da União Europeia, também conhecida como AI Act, introduz um marco regulatório abrangente para o uso de inteligência artificial em diversas áreas, incluindo o desenvolvimento de softwares. A IA Generativa que, como já explicitado, é uma espécie promissora de inteligência artificial com capacidade de criar novos conteúdos e ideias, está submetida a essa lei, que exige que os desenvolvedores adotem medidas para garantir a segurança, confiabilidade e responsabilidade do uso dessa tecnologia.

A Lei da IA classifica os sistemas de inteligência artificial em quatro categorias de risco com base em seu potencial de causar danos:

  • Risco Inaceitável: Sistemas proibidos de serem desenvolvidos, incluídos aqueles que manipulam emoções humanas, explorando vulnerabilidades emocionais ou psicológicas para influenciar o comportamento de pessoas; ou pontuam a confiabilidade social de indivíduos, como pontuações de crédito social (Capítulo II, art. 5º).
  • Risco Elevado: Sistemas sujeitos a requisitos rigorosos, como avaliação de conformidade por um organismo independente e implementação de medidas de mitigação desse risco. Exemplos de inteligência artificial de risco elevado são sistemas que gerenciam infraestruturas críticas, como redes de energia ou transporte; realizam diagnósticos médicos; e tomam decisões jurídicas ou de aplicação de leis (Capítulo III, art. 6º)
  • Risco Limitado: Sistemas sujeitos a requisitos de transparência, como obrigação de informar aos usuários sobre a utilização de inteligência artificial e fornecimento de documentação técnica (Capítulo IV, art. 50).
  • Risco Mínimo: Sistemas que não possuem requisitos específicos, mas devem seguir princípios éticos e de boa fé, como evitar vieses algorítmicos, proteger a privacidade dos dados e garantir a segurança dos usuários.

A maioria dos sistemas de IA Generativa é classificada dentro de "Risco Limitado" e deve seguir os seguintes requisitos (Capítulo IV, art. 50):

  • Transparência: A necessidade de divulgar que o conteúdo foi gerado por inteligência artificial, fornecendo informações sobre os modelos utilizados e os dados de treinamento.
  • Conformidade com Direitos Autorais: Obrigatoriedade de garantir que os direitos autorais sejam respeitados, principalmente ao utilizar dados protegidos para treinar os modelos de inteligência artificial.
  • Implementação de Medidas de Segurança: Adoção de medidas para proteger os dados e evitar que a inteligência artificial seja utilizada para fins maliciosos.

No entanto, nem todas as aplicações de IA Generativa são classificadas dentro de "Risco Limitado". Diversos fatores podem influenciar o nível de risco real da IA Generativa, como:

  • Tipo de Conteúdo Gerado: A geração de imagens realistas ou de deepfakes, por exemplo, apresenta riscos maiores do que a de textos simples.
  • O Contexto de Uso: A utilização de IA Generativa em áreas sensíveis, como a da saúde ou a jurídica, exige um maior cuidado na avaliação de riscos.
  • A Qualidade e Procedência dos Dados de Treinamento: Dados tendenciosos ou discriminatórios podem levar a resultados enviesados e prejudiciais.

Neste contexto, podemos interpretar que a Lei da IA é aplicada à IA Generativa usada em desenvolvimento de softwares em relação aos seguintes princípios:

  • Transparência e Explicabilidade: Os desenvolvedores devem ser transparentes sobre o uso de IA Generativa em seus softwares, informando aos usuários suas funcionalidades, limitações e potenciais impactos. Dependendo do software, os sistemas de IA Generativa devem ser capazes de explicar como chegaram a um determinado resultado, especialmente quando decisões que impactam a vida de pessoas são tomadas. Isso exige que os desenvolvedores realizem avisos claros e concisos aos usuários, concedam informações sobre os dados utilizados, deem a opção de desativar a IA Generativa, implementem técnicas de interpretação dos modelos explicando como a IA Generativa tomou decisões e quais fatores influenciaram os resultados e forneçam explicações contrafactuais, demonstrando aos usuários que o resultado final poderia ter sido diferente se outros dados tivessem sido fornecidos ao sistema.
  • Legalidade, Imparcialidade e Não Discriminação: Os sistemas de IA Generativa devem operar em conformidade com a lei, evitar vieses algorítmicos e não discriminar indivíduos ou grupos.
  • Segurança e Robustez: Os sistemas de IA Generativa devem ser robustos e seguros, protegidos contra ataques cibernéticos e falhas que possam levar a resultados danosos ou enganosos. Isso exige que os desenvolvedores aprimorem suas técnicas de treinamento e operação dos modelos, além de implementar medidas de segurança mais rigorosas.
  • Gerenciamento de Riscos: Os desenvolvedores devem implementar medidas para identificar, avaliar e mitigar os riscos associados ao uso da IA Generativa, como vieses algorítmicos, discriminação e desinformação.
  • Dados e Treinamento: Os dados utilizados para treinar modelos de IA Generativa devem ser de alta qualidade, livres de vieses e coletados de forma ética e responsável.
  • Proteção de Dados e Privacidade: Os dados utilizados para treinar e operar os modelos de IA Generativa devem ser coletados e processados de acordo com as leis de proteção de dados, como o GDPR. Isso exige que os desenvolvedores implementem medidas para garantir a segurança e a privacidade dos dados utilizados, obter o consentimento adequado dos usuários e permitir que eles acessem os seus dados.
  • Governança e Supervisão: Os desenvolvedores devem implementar mecanismos de governança e supervisão para garantir o uso responsável e ético de IA Generativa em seus softwares com o estabelecimento de políticas éticas.
  • Segurança e Proteção Humana: Os sistemas de IA Generativa devem ser projetados para garantir a segurança e proteção das pessoas, evitando causar danos físicos ou psicológicos.
  • Responsabilidade: Os desenvolvedores devem ser responsáveis pelos danos causados por seus sistemas de IA Generativa, implementando mecanismos para identificar, prevenir e mitigar riscos.

Com base na análise da Lei da IA da União Europeia, as seguintes recomendações podem ser realizadas para os desenvolvedores de IA Generativa:

  • Realizar uma avaliação de risco: Identificar e avaliar os riscos potenciais associados ao uso da IA Generativa em seus softwares, considerando fatores como o tipo dos dados utilizados, as funcionalidades do software e o impacto potencial nos usuários.
  • Implementar medidas de mitigação de risco: Com base no resultado da avaliação de riscos, implementar medidas para mitigar os riscos identificados, como o treinamento de modelos em dados de alta qualidade, implementação de mecanismos de segurança e desenvolvimento de documentação clara sobre o funcionamento da IA Generativa.
  • Testar e monitorar o software: Testar o software para identificar e corrigir falhas que possam levar a resultados danosos ou enganosos. Monitorar o software em produção para detectar e resolver problemas que possam surgir.
  • Documentar o processo de desenvolvimento: Documentar o processo de desenvolvimento do software, incluindo decisões tomadas em relação à IA Generativa, os riscos identificados e as medidas de mitigação implementadas.
  • Fornecer informações claras aos usuários: Fornecer informações claras aos usuários sobre o uso da IA Generativa em seus softwares, incluindo suas funcionalidades, limitações e potenciais impactos.

A Lei da IA da União Europeia (AI Act) apresenta os seguintes desafios para o desenvolvimento de softwares com IA Generativa, exigindo adaptações e inovações para atender requisitos regulatórios.

  • Complexidade da Lei: A interpretação dos critérios de classificação de risco e o cumprimento da Lei da IA podem ser complexos e subjetivos, levando incerteza jurídica para os desenvolvedores.
  • Falta de Padrões e Orientações: Há falta de clareza em alguns aspectos da Lei da IA, como uma definição mais precisa da explicação de como os resultados foram alcançados e dos métodos específicos para avaliar e mitigar riscos, o que dificulta a implementação de medidas adequadas.
  • Custos de Implementação: A implementação das medidas de conformidade com a Lei da IA da União Europeia (AI Act) pode gerar custos adicionais para os desenvolvedores, como investimentos em auditorias, documentação e treinamento de funcionários (Capítulo III, Seção II, Capítulo 3).
  • Desaceleração da Inovação: O tempo e os recursos necessários para garantir a conformidade com a Lei da IA podem desacelerar o ritmo da inovação na área da IA Generativa, o que também afeta mais especificamente as startups e pequenas empresas.
  • Fragmentação de Mercado: A Lei da IA, por ser um instrumento jurídico geral e abrangente, concede aos Estados Membros da União Europeia flexibilidade para implementar regras e regulamentações nacionais específicas para o uso da IA Generativa em seus territórios. Essa flexibilidade, embora vise atender às particularidades de cada país, pode levar à fragmentação do mercado único europeu, com diferentes requisitos e recomendações para desenvolvedores que operam em diferentes países. Exemplos de fragmentação podem ser definições variáveis, pois a Lei da IA não define com clareza conceitos importantes como "risco mínimo" ou "explicabilidade", o que permite uma interpretação diversa entre os Estados Membros; requisitos de conformidade divergentes, já que cada Estado Membro pode definir os seus próprios requisitos de documentação, testes e auditorias; e regras de proibição específicas que podem ser diferentes entre os Estados Membros da União Europeia.
  • Mudança no Foco do Desenvolvimento: O foco do desenvolvimento de softwares com IA Generativa pode ser redirecionado para áreas que apresentem menor risco regulatório.

Em contraposição, a Lei da IA oferece as seguintes vantagens para o desenvolvimento de softwares com IA Generativa.

  • Aumento da Confiança do Usuário: A conformidade com a Lei da IA pode aumentar a confiança dos usuários em relação aos softwares que utilizam a IA Generativa, impulsionando a adoção do uso desta tecnologia.
  • Diferenciação no Mercado: Os desenvolvedores que demonstram compromisso com os princípios éticos e legais da IA podem se destacar no mercado e atrair clientes que valorizam a responsabilidade no uso da tecnologia.
  • Promoção da Inovação Responsável: A Lei da IA pode estimular o desenvolvimento de novas tecnologias de IA Generativa que sejam mais seguras, transparentes e vantajosas para a sociedade.
  • Redução do Risco de Litígios: A conformidade com a Lei da IA pode reduzir o risco de litígios relacionados ao uso da IA Generativa, protegendo os desenvolvedores, sejam eles pessoa física ou jurídica, de multas e outros danos.
  • Criação de um Ambiente Regulatório mais Previsível: A longo prazo, a Lei da IA pode contribuir para a criação de um ambiente regulatório mais previsível para a IA Generativa, o que facilita o planejamento e o investimento de investidores nessa área.

É importante esclarecer que a Lei da IA da União Europeia (AI Act) não se aplica diretamente ao Brasil. No entanto, os princípios e diretrizes da Lei da IA podem servir como uma valiosa referência para o desenvolvimento responsável de softwares com IA Generativa no Brasil, mesmo antes da implementação de uma lei nacional abrangente, conforme veremos no próximo tópico.

Influência da Lei Europeia no Brasil

A experiência da Europa com a Lei da IA da União Europeia (AI Act) oferece vários insights para desenvolvedores brasileiros que desejam criar softwares com IA Generativa de forma responsável e ética, como:

  • Conformidade: A conformidade com as leis e regulamentações relevantes já existentes no Brasil sobre o assunto é essencial para o desenvolvimento seguro dos sistemas de IA Generativa no país, bem como para evitar sanções jurídicas, como multa pelo descumprimento da lei.
  • Princípios Éticos: A IA Generativa deve ser desenvolvida e utilizada de forma a respeitar os direitos humanos, a privacidade de dados e valores éticos.
  • Transparência e Explicabilidade: Os sistemas de IA Generativa devem ser transparentes e explicáveis, permitindo que os usuários compreendam como eles  funcionam e tomam decisões.
  • Gerenciamento de Riscos: É essencial identificar, avaliar e mitigar os riscos potenciais associados ao uso da IA Generativa, como vieses algorítmicos, discriminação ou desinformação.
  • Segurança e Proteção de Dados: Os dados utilizados para treinar e operar modelos de IA Generativa devem ser protegidos contra acessos não autorizados, violações e uso indevido.

Embora a Lei de IA da União Europeia (AI Act) não seja diretamente aplicável no Brasil, existem medidas que os desenvolvedores brasileiros podem tomar para adaptar seus sistemas ao cenário local.

  • Monitorar o Desenvolvimento Regulatório: Acompanhar o desenvolvimento de leis e regulamentações relacionadas à inteligência artificial no Brasil e se adequar às novas exigências à medida que forem surgindo.
  • Engajamento com Stakeholders: Dialogar com diferentes stakeholders (Governo, academia, sociedade civil e setor privado) para contribuir com o desenvolvimento de um marco regulatório nacional equilibrado e que contribua para a inovação.
  • Adotar Práticas Internacionais de Referência: Implementar as melhores práticas internacionais em termos de desenvolvimento, implementação e uso da inteligência artificial.
  • Buscar Certificações e Selos de Qualidade: Obter certificações e selos de qualidade que demonstrem o compromisso do desenvolvedor com o desenvolvimento responsável e ético da inteligência artificial.
  • Promover a Educação e Conscientização: Investir em iniciativas de educação e conscientização sobre inteligência artificial para o público em geral, contribuindo para um debate público informado e engajado sobre os desafios e oportunidades da tecnologia.

O desenvolvimento de softwares com IA Generativa no Brasil exige um compromisso com a responsabilidade, a ética e a conformidade com as leis e regulamentações relevantes. Ao aprender com a experiência da Europa, adotar as melhores práticas internacionais e se adaptar ao cenário local, os desenvolvedores brasileiros podem contribuir para o avanço dessa tecnologia de forma segura, vantajosa e inclusiva para a sociedade.

Conclusão

A IA Generativa possui o potencial de revolucionar o desenvolvimento de softwares, trazendo vantagens significativas em termos de produtividade, eficiência, inovação e experiência do usuário. No entanto, é fundamental que o desenvolvimento e a implementação dessa tecnologia estejam em conformidade com a legislação vigente e que os desafios relacionados à ética, segurança e propriedade intelectual sejam adequadamente direcionados.

Os desenvolvedores que pretendem utilizar a IA Generativa no desenvolvimento de softwares devem se preparar para os desafios regulatórios e éticos, investindo em treinamento, documentação robusta e medidas de mitigação de riscos. Ao fazê-lo, podem aproveitar as oportunidades que esta tecnologia oferece para criar soluções inovadoras e aprimorar a experiência dos usuários.

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